Ok! Vamos falar
de Etiópia.
Quando estava
indo pra Tailandia no final de 2013, tive uma escala no aeroporto de Addis
Ababa, lugar onde haviam muitas imagens do país em propagandas de turismo pelas
paredes do aeroporto. Aí veio meu primeiro interesse pelo país. Um ano depois, estaria
eu embarcando para a mais aventuresca viagem de minha vida. E até o momento,
minha preferida.
Minha primeira vez no Aeroporto de Addis, indo para a Tailândia |
Antes de
começar a falar, já é bom desmistificar. A gente aqui no Brasil não faz ideia de
como são as coisas em outros países, principalmente os menos mainstream. Essa
viagem foi completamente um aprendizado sobre a cultura etíope e da Africa em
geral, quebrando muitos paradigmas e preconceitos que muitos tem por aqui.
Vamos desmistificar isso por partes. A primeira imagem que normalmente vem à
cabeça das pessoas quando se fala de Etiópia, são de crianças esqueléticas mortas
de fome. Sim! A Etiópia já teve uma crise de fome. Mas isso foi na década de 80,
nada a ver com a realidade de hoje. É um dos países mais ricos da África,
recentemente inaugurou primeiro metro construído na Africa subsaariana e está
no topo dos países em crescimento. Continua sendo pobre? sim. Tem pessoas
passando fome? Não vi, mas provavelmente
sim. Acho que tudo depende dos olhos de quem vê.
Talvez minha
vida em Araújos fosse considerada pelo “padrão Fifa” de hoje como uma vida de
pobreza. Era uma vida simples, sim. Mas não me faltava nada. Vai dos olhos de
quem vê. Talvez você visitando a Etiópia ache que todos vivem na pobreza; ou, talvez
você, assim como eu, acha que eles vivem na simplicidade, são trabalhadores
guerreiros e buscam o melhor pra sua família, e são felizes assim sem precisar
de ter luxos desconexos com sua cultura.
Outro
paradigma quebrado foi em relação ao povo africano; aqui para nós, tudo é “negro”.
Lá existe uma infinidade imeeeeeensa de etnias, cada uma bem diferente da
outra. E os Etíopes são mais notórios ainda. São aquele estereótipo de “negão”?
Aquele negro alto e forte de traços rudes? Nada a ver com o povo Etíope. “Etíopia”
vem do grego, que significa “terra dos homens enegrecidos pelo sol”. Uma
tonalidade bem mais clara e traços finos. As mulheres etíopes são fáceis de
serem identificadas, são como elfas; magras, esguias, rosto delicado e afinado,
muitas tem o cabelo mais liso, e uma a coisa muito marcante. São todas lindas!
Os homens a mesma coisa, como elfos; esguios, traços finos e delicados no rosto, talvez não os ache tão bonitos quanto as mulheres devido à minha preferência por homens com traços mais masculinos.
Os homens a mesma coisa, como elfos; esguios, traços finos e delicados no rosto, talvez não os ache tão bonitos quanto as mulheres devido à minha preferência por homens com traços mais masculinos.
Nota de 1 Birr |
A Etiópia
tem uma cultura antiquíssima e riquíssima. É um Egito sem a devida fama. A
história do país é uma história muito linda, que vou contando aos poucos quando
for falar de cidade em cidade. Mas admiro muito a Etiópia devido sua cultura e
sua história. Acho que o povo Etíope deve ser muito orgulhoso de ser de um país
tão distinto.
Possui uma
língua e um alfabeto próprio, a língua Amárica e o alfabeto “Geez”, inclusive tentei
decifrar uma das mais antigas partituras (em Geez) já escritas no planeta nos
arredores de Yeha. Dizem ser uma língua fácil de se aprender, mas até hoje não
nada além do “Amasagnalo” (Obrigado!)
Partitura em Geez, que tentei cantar |
Tem uma
culinária própria também. A comida etíope é bem peculiar. A comida tradicional
é servida numa bandeja grande, coberta com uma massa chamada “Injera”, essa
massa é feita com o “teff”, um cereal que só cresce em certa região montanhosa da
Etiópia e tem um valor nutricional absurdo. A Injera quando comida pura tem um
sabor meio amargo, meio azedo, meio massa-de-mandioca-lavada. Mas eu que adoro
sentir novos sabores, adoro a comer pura. Ao lado da injera vem o “wat” (sem
piadas, por favor) que são os montinhos de molho que as acompanham. Os molhos
variam de acordo com o freguês, normalmente são molhos de lentilha ou ovo, e alguns
de legumes com carne; normalmente de carneiro ou bovina. Frango é raro,
derivados de leite, raríssimo. A pimenta é forte, e você antes de comer tenta
advinhar qual monte de wat está menos apimentado. O objetivo é pegar um pedaço
de Injera com a mão e com os dedos beliscar um pouco de molho e levá-los a
boca. (Seis meses antes da viagem, estávamos Robert e eu num restaurante Etíope
em Nova York para “treinar comer comida típica da Etiópia” e comemos tudo com
garfo e faca. Como dois selvagens desinformados. Um crime). Toda vez que passo
no aeroporto de Addis Ababa faço questão de comer a comida típica. Que aliás é
umas duas ou três vezes mais barata que qualquer outra. Mesmo nutricionalmente
sendo mais rica. (Yay).
Comida tradicional Etíope |
Coisa que
pretendo fazer muitas e muitas vezes mais, visto que a Ethiopian airlines
ultimamente está sendo a empresa que mais compensa viajar para os lugares que
costumo gostar.
Toda vez que
desço em Addis, o avião abre a porta e em meio àquela confusão de vento, avião
desligando, outros aviões chegando, você cansado, cheiro de óleo e outras
coisas próprias de pista de pouso uma coisa SEMPRE me vem ao olfato: “O cheiro
de Etiópia”. Algo indescritível. Antigamente achava que tinha algo a ver com a
comida etíope, mas hoje, acho que não. Um cheiro meio azedo/apimentado/estranho.
O cheiro de Etiópia. E esse cheiro se manteve até o último dia de minha
estadia.
Na
primeiríssima parte de minha aventura, desci no aeroporto, fui pegar o demorado
“visa on arrival” (nenhum problema). Próxima missão, encontrar os caras do tour
que havia fechado para dias e dias depois que iriam generosamente me dar uma “carona”
até o hotel. “Carona” entre aspas pq mal sabia o pobre e “inesperiente em
Africa” Skald que os perregues para turistas brancos na Africa começam cedo.
Após encontrados, blza. Vestiam como “rappers”
americanos. Parece que é moda por aqui. Simpáticos e sorridentes me conduziram
para seu carro. Pequeno para o padrão Skald de normas e medidas, mas perfeito
para conduzir 4 pessoas com boa vontade. A noite estava profunda e enluarada,
as luzes públicas são fracas e pouco se vê pela janela além de algumas
construções e alguns entulhos. Para onde me levaram vcs saberão no próximo
capítulo “Addis Ababa, a capital”. Um abraço!
Aeroporto de Addis |
Muito bacana esta sua viagem a Etiópia. Muito esclarecedor seu texto. Fácil de ler e compreender. Tenho algumas curiosidades sobre o idioma que vc usa para se comunicar, imagino que o Inglês. E sugiro que vc poste dicas de viagens. Ok? Grande abraço!!!!!
ResponderExcluirVc já leu o livro "A viagem de Théo"? Pois é, já li e agora vou ler "O diário de LeandroJ".Muito legal essas memórias de viagem!
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