quinta-feira, 5 de novembro de 2015

Cheiro de Etiópia

Ok! Vamos falar de Etiópia.

Quando estava indo pra Tailandia no final de 2013, tive uma escala no aeroporto de Addis Ababa, lugar onde haviam muitas imagens do país em propagandas de turismo pelas paredes do aeroporto. Aí veio meu primeiro interesse pelo país. Um ano depois, estaria eu embarcando para a mais aventuresca viagem de minha vida. E até o momento, minha preferida.


Minha primeira vez no Aeroporto de Addis, indo para a Tailândia

Antes de começar a falar, já é bom desmistificar. A gente aqui no Brasil não faz ideia de como são as coisas em outros países, principalmente os menos mainstream. Essa viagem foi completamente um aprendizado sobre a cultura etíope e da Africa em geral, quebrando muitos paradigmas e preconceitos que muitos tem por aqui. Vamos desmistificar isso por partes. A primeira imagem que normalmente vem à cabeça das pessoas quando se fala de Etiópia, são de crianças esqueléticas mortas de fome. Sim! A Etiópia já teve uma crise de fome. Mas isso foi na década de 80, nada a ver com a realidade de hoje. É um dos países mais ricos da África, recentemente inaugurou primeiro metro construído na Africa subsaariana e está no topo dos países em crescimento. Continua sendo pobre? sim. Tem pessoas passando fome? Não vi, mas  provavelmente sim. Acho que tudo depende dos olhos de quem vê.
Talvez minha vida em Araújos fosse considerada pelo “padrão Fifa” de hoje como uma vida de pobreza. Era uma vida simples, sim. Mas não me faltava nada. Vai dos olhos de quem vê. Talvez você visitando a Etiópia ache que todos vivem na pobreza; ou, talvez você, assim como eu, acha que eles vivem na simplicidade, são trabalhadores guerreiros e buscam o melhor pra sua família, e são felizes assim sem precisar de ter luxos desconexos com sua cultura.




Outro paradigma quebrado foi em relação ao povo africano; aqui para nós, tudo é “negro”. Lá existe uma infinidade imeeeeeensa de etnias, cada uma bem diferente da outra. E os Etíopes são mais notórios ainda. São aquele estereótipo de “negão”? Aquele negro alto e forte de traços rudes? Nada a ver com o povo Etíope. “Etíopia” vem do grego, que significa “terra dos homens enegrecidos pelo sol”. Uma tonalidade bem mais clara e traços finos. As mulheres etíopes são fáceis de serem identificadas, são como elfas; magras, esguias, rosto delicado e afinado, muitas tem o cabelo mais liso, e uma a coisa muito marcante. São todas lindas!
Os homens a mesma coisa, como elfos; esguios, traços finos e delicados no rosto, talvez não os ache tão bonitos quanto as mulheres devido à minha preferência por homens com traços mais masculinos.

Nota de 1 Birr



A Etiópia tem uma cultura antiquíssima e riquíssima. É um Egito sem a devida fama. A história do país é uma história muito linda, que vou contando aos poucos quando for falar de cidade em cidade. Mas admiro muito a Etiópia devido sua cultura e sua história. Acho que o povo Etíope deve ser muito orgulhoso de ser de um país tão distinto.
Possui uma língua e um alfabeto próprio, a língua Amárica e o alfabeto “Geez”, inclusive tentei decifrar uma das mais antigas partituras (em Geez) já escritas no planeta nos arredores de Yeha. Dizem ser uma língua fácil de se aprender, mas até hoje não nada além do “Amasagnalo” (Obrigado!)

Partitura em Geez, que tentei cantar



Tem uma culinária própria também. A comida etíope é bem peculiar. A comida tradicional é servida numa bandeja grande, coberta com uma massa chamada “Injera”, essa massa é feita com o “teff”, um cereal que só cresce em certa região montanhosa da Etiópia e tem um valor nutricional absurdo. A Injera quando comida pura tem um sabor meio amargo, meio azedo, meio massa-de-mandioca-lavada. Mas eu que adoro sentir novos sabores, adoro a comer pura. Ao lado da injera vem o “wat” (sem piadas, por favor) que são os montinhos de molho que as acompanham. Os molhos variam de acordo com o freguês, normalmente são molhos de lentilha ou ovo, e alguns de legumes com carne; normalmente de carneiro ou bovina. Frango é raro, derivados de leite, raríssimo. A pimenta é forte, e você antes de comer tenta advinhar qual monte de wat está menos apimentado. O objetivo é pegar um pedaço de Injera com a mão e com os dedos beliscar um pouco de molho e levá-los a boca. (Seis meses antes da viagem, estávamos Robert e eu num restaurante Etíope em Nova York para “treinar comer comida típica da Etiópia” e comemos tudo com garfo e faca. Como dois selvagens desinformados. Um crime). Toda vez que passo no aeroporto de Addis Ababa faço questão de comer a comida típica. Que aliás é umas duas ou três vezes mais barata que qualquer outra. Mesmo nutricionalmente sendo mais rica. (Yay).

Comida tradicional Etíope



Coisa que pretendo fazer muitas e muitas vezes mais, visto que a Ethiopian airlines ultimamente está sendo a empresa que mais compensa viajar para os lugares que costumo gostar.

Toda vez que desço em Addis, o avião abre a porta e em meio àquela confusão de vento, avião desligando, outros aviões chegando, você cansado, cheiro de óleo e outras coisas próprias de pista de pouso uma coisa SEMPRE me vem ao olfato: “O cheiro de Etiópia”. Algo indescritível. Antigamente achava que tinha algo a ver com a comida etíope, mas hoje, acho que não. Um cheiro meio azedo/apimentado/estranho. O cheiro de Etiópia. E esse cheiro se manteve até o último dia de minha estadia.


Na primeiríssima parte de minha aventura, desci no aeroporto, fui pegar o demorado “visa on arrival” (nenhum problema). Próxima missão, encontrar os caras do tour que havia fechado para dias e dias depois que iriam generosamente me dar uma “carona” até o hotel. “Carona” entre aspas pq mal sabia o pobre e “inesperiente em Africa” Skald que os perregues para turistas brancos na Africa começam cedo. Após encontrados, blza.  Vestiam como “rappers” americanos. Parece que é moda por aqui. Simpáticos e sorridentes me conduziram para seu carro. Pequeno para o padrão Skald de normas e medidas, mas perfeito para conduzir 4 pessoas com boa vontade. A noite estava profunda e enluarada, as luzes públicas são fracas e pouco se vê pela janela além de algumas construções e alguns entulhos. Para onde me levaram vcs saberão no próximo capítulo “Addis Ababa, a capital”. Um abraço!
Aeroporto de Addis

2 comentários:

  1. Muito bacana esta sua viagem a Etiópia. Muito esclarecedor seu texto. Fácil de ler e compreender. Tenho algumas curiosidades sobre o idioma que vc usa para se comunicar, imagino que o Inglês. E sugiro que vc poste dicas de viagens. Ok? Grande abraço!!!!!

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  2. Vc já leu o livro "A viagem de Théo"? Pois é, já li e agora vou ler "O diário de LeandroJ".Muito legal essas memórias de viagem!

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